Vamos conversar hoje sobre uma das metodologias ativas mais utilizadas nos dias de hoje a “Sala de Aula Invertida” (flipped classroom). Uma abordagem educacional que prevê uma mudança na forma tradicional de ensino, onde a instrução direta e as atividades de aprendizado ativo deixam de acontecer no interior do ambiente físico escolar, para outros ambientes e canais, assim como propõem Bergmann e Sams (2012), afirmando que essa metodologia permite que os alunos acessem o conteúdo teórico por outros meios, tais como vídeos, leituras em casa, revistas, jornais, sala de aula virtuais, com a finalidade de realizar leituras/reflexões prévias, reservando o tempo de aula para discussões, esclarecimento de dúvidas e realização de atividades práticas. Esse formato promove maior engajamento e autonomia dos estudantes, que se tornam protagonistas do seu processo de aprendizagem.
De acordo com Lage, Platt e Treglia (2000), essa metodologia oferece a flexibilidade necessária para atender diferentes estilos de aprendizagem. Os alunos podem revisar material teórico quantas vezes forem necessárias, no seu próprio ritmo, antes, por exemplo, de participarem de atividades mais ativas para que os conteúdos sejam de fato apreendidos. Dessa forma reduzem a disparidade no nível de entendimento, melhorando a qualidade das interações em sala, por meio do diálogo com o professores e com seus colegas, permitindo aos docentes a possibilidade de dedicar mais tempo ao desenvolvimento de atividades diversas, como resolução de problemas e trabalhos colaborativos, em vez de se concentrarem apenas na transmissão de conteúdo.
Outro autor que trata do assunto é Moran (2018), para ele a sala de aula invertida tem mostrado resultados positivos no engajamento e na motivação dos alunos. Ele argumenta que ao permitir que os alunos estudem o conteúdo teórico em casa, por meio variados, possibilitam que os docentes dediquem mais tempo da aula para aprofundar o conhecimento por meio de atividades práticas e colaborativas. Isso não só facilita a assimilação dos conteúdos, mas também promove o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como a comunicação e o trabalho em equipe, permitindo, inclusive, que os professores identifiquem e abordem mais facilmente dificuldades individuais dos estudantes, personalizando o apoio conforme necessário.
Valente (2014) aponta que essa metodologia ativa favorece a compreensão mais profunda dos conceitos e a aplicação prática do conhecimento adquirido. Os estudantes, assim, beneficiam-se de um ambiente de aprendizado dinâmico, onde são encorajados a participar ativamente e a colaborar com seus colegas, melhorando a retenção de informações e preparando os alunos para enfrentar os desafios do mundo do trabalho contemporâneo, onde habilidades como resolução de problemas e pensamento crítico são altamente valorizadas.
Referências:
- Bergmann, J., & Sams, A. (2012). Flip Your Classroom: Reach Every Student in Every Class Every Day. International Society for Technology in Education.
- Lage, M. J., Platt, G. J., & Treglia, M. (2000). Inverting the classroom: A gateway to creating an inclusive learning environment. The Journal of Economic Education, 31(1), 30-43.
- Moran, J. M. (2018). Metodologias Ativas para uma Educação Inovadora. Editora Loyola.
- Valente, J. A. (2014). Educação a Distância e a Inversão da Sala de Aula. Editora SENAC São Paulo.