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“João” de Ronie Rodrigues – Uma Escrita Performática

João - Ronie Rodrigues

O próximo lançamento da Telaranha Edições promete ser uma experiência literária única. O romance “João”, do artista, professor e escritor Ronie Rodrigues, é fruto de um ousado experimento de apagamento. Utilizando um corretivo, Ronie eliminou palavras do livro “Harmada”, de João Gilberto Noll, um de seus autores preferidos, preservando apenas algumas palavras selecionadas para formar um texto completamente novo. Esse processo criativo surgiu durante uma especialização em Escritas Performáticas na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

“João” será lançado no dia 14 de junho, às 19h, na Livraria Telaranha, em Curitiba (Rua Ébano Pereira, 269). O método de Ronie envolveu a criação de regras específicas: ele não podia adicionar palavras ou sinais, apenas apagar, e não podia apagar o nome “João”. Além disso, ele trocou as páginas do livro original de lugar, tornando o processo imprevisível até para ele mesmo.

Inicialmente, os textos criados se assemelhavam a cartas, mas eventualmente evoluíram para um romance. Dessa maneira, “João” não é apenas um romance, mas também um experimento de escrita, um objeto de arte, uma obra epistolar e um palimpsesto literário. Harmada, apesar de ter sido apagado, permanece como um vestígio no novo texto, com traços do original ainda perceptíveis.

Ronie compara o processo ao palimpsesto medieval, onde textos eram eliminados de pergaminhos ou papiros para reutilização, deixando marcas que permitiam a recuperação dos textos anteriores. O projeto contou com a colaboração de diversos interlocutores, que ajudaram Ronie a refinar o texto ao longo do tempo.

A experiência de Ronie é descrita como uma escrita fantasma pela autora do posfácio, Raïssa de Góes. “Escrever, não por acúmulo, mas por subtração, por desejo de apagar e impossibilidade de apagar,” resume Raïssa sobre essa singular jornada literária.

Não perca a oportunidade de explorar “João”, um romance que desafia as convenções tradicionais de escrita e nos convida a refletir sobre a natureza da criação literária.

 

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